As Práticas de Consumo de Lazer de Famílias com Crianças Autistas
DOI:
https://doi.org/10.31211/interacoes.n44.2023.a7Palavras-chave:
Teorias da prática, Transtorno do espectro autista, Pesquisa transformativa do consumidor, LazerResumo
Este artigo analisou como se configuram os elementos da prática de consumo de lazer entre famílias e cuidadores que convivem com pessoas autistas. Por meio de uma pesquisa qualitativa básica virtual, realizou-se entrevistas de campo semiestruturadas e de autorrelato. Foi possível identificar elementos que caracterizam a prática de consumo dessas pessoas a partir da adaptação de materiais em decorrência do transtorno da criança e orientações de profissionais para a vivência do lazer em família. A incompreensão do autismo por parte dos familiares, a ausência de espaços públicos para promoção do lazer para a rede de apoio e o medo do constrangimento em espaços privados, se manifestaram como algumas das barreiras à prática de consumo de lazer. Entende-se que se faz necessária uma articulação entre as esferas públicas e privadas na oferta de materiais e competências para suprir a carência dessa população, especialmente no que se refere ao lazer visto que se trata de um hábito que nem sempre é praticado por falta de ambiente adequado. Esta pesquisa indica caminhos que podem ser seguidos para que haja mais políticas públicas e iniciativas privadas condizentes com as necessidades das famílias analisadas.
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