Desde Aquele Dia em que Deixei de Ser Tua: O Roteiro Cinematográfico de Autorrepresentação como Processo de Cura

Autores

  • Julia Fernandes Marques Universidade da Beira Interior
  • Ana Catarina dos Santos Pereira Universidade da Beira Interior

DOI:

https://doi.org/10.31211/interacoes.n43.2022.a2

Palavras-chave:

cinema de mulheres, cinema pós-colonial, cinema poético

Resumo

"Desde Aquele Dia em que Deixei de Ser Tua: O roteiro cinematográfico de autorrepresentação como processo de cura" é a génese de um roteiro de longa-metragem, apresentado como pré-requisito parcial de Projeto de Tese de Doutoramento em Media Artes. No âmbito do projeto de investigação "SPECULUM: Filmar-se em ver-se ao espelho: o uso da escrita de si por documentaristas de língua portuguesa"(FCT: EXPL/ART-CRT/0231/2021), pretendemos elaborar uma historicidade da trajetória vivenciada pela protagonista, nos tempos passado, presente e futuro. Em termos metodológicos, o projeto é construído de modo a encontrar, na experiência individual da sua autora, uma aproximação às histórias comuns vivenciadas por outras mulheres no seu quotidiano, tanto na esfera pública como privada. Associando a criação artística à pesquisa científica que um Doutoramento exige, apresentamos as referências teóricas e artístico-conceituais que suportam a estruturação estética e de conteúdo da obra. Finalmente, como antecipamos pelo título elegido, o Projeto de Tese reflete ainda sobre a mulher que se liberta da submissão às lógicas do patriarcado e do capitalismo ocidental. Desvenda-se, nesse sentido, um processo de transformação, iniciado numa separação e no reaprender a ser mulher, de maneira individual e subjetiva, como contraponto ao ser mulher socialmente imposto.

Biografias Autor

Julia Fernandes Marques, Universidade da Beira Interior

Julia Marques é doutoranda em Media Artes na Universidade da Beira Interior em Portugal (UBI), com ênfase no cinema de mulheres, autorrepresentação no cinema, cinemas periféricos e pós-coloniais (2020-). Bolseira de Investigação no projecto “Speculum: Filmar-se e Ver-se ao Espelho: O uso da escrita de si por documentaristas de língua portuguesa" (FCT) (2022-). Júri de pré-seleção no V Porto Femme International Film Festival (2022). Atuação com Marketing Digital e Publicidade Empresarial on-line (2021-2022). Professora Substituta do curso de Publicidade e Propaganda da Universidade Federal de Sergipe (UFS) (2018-2020) lecionando disciplinas como Linguagem Audiovisual II, Produção Audiovisual II e Produção Gráfica. Mestre em Cinema e Narrativas Sociais pela Universidade Federal de Sergipe (PPGCINE) (UFS), com investigação nos campos do feminismo pós-colonial e etnografia. Bolsista CAPES durante o desenvolvimento do mestrado (2016-2018). Atuação via ONG com a realização de oficinas de artes, cineclubes e documentários audiovisuais junto às populações campesinas (2014-2017). Licenciada em Cinema e Vídeo pela Faculdade de Artes do Paraná (CINETVPR), Universidade Estadual do Paraná (Unerspar) (2009-2013). Bolsista de Iniciação Científica da Fundação Araucária (2009-2011) durante a licenciatura. Realizadora de filmes autorais de ficção, experimentais e documentais com ênfase em roteirização, direção, fotografia e montagem. Iniciou estudos em pintura em tela em 2004 e de fotografia em 2007, filmando o primeiro curta-metragem financiado pela Prefeitura de Aracaju em 2007. Tem artigos e capítulos de livros publicados, assim como realização de mediação, palestras e comunicações orais em eventos discutindo temáticas correlatas ao cinema de mulheres, cinema de autor e cinema contra-hegemônico.

Ana Catarina dos Santos Pereira, Universidade da Beira Interior

Ana Catarina Pereira é Professora Auxiliar na Faculdade de Artes e Letras da Universidade da Beira Interior e doutorada em Ciências da Comunicação, na vertente Cinema e Multimedia, pela mesma universidade. Investigadora do centro LabCom, é responsável pelo projecto “Speculum: Filmar-se e Ver-se ao Espelho: O uso da escrita de si por documentaristas de língua portuguesa" (FCT). É licenciada em Ciências da Comunicação pela Universidade Nova de Lisboa e mestre em Direitos Humanos pela Universidade de Salamanca. Trabalhou vários anos como jornalista e colaborou com as publicações Notícias Sábado e Notícias Magazine (Diário de Notícias), jornal I, revistas Focus, Up, Saber Viver e Happy Woman. É autora dos livros "A Mulher-Cineasta: Da arte pela arte a uma estética da diferenciação" e "Estudo do Tecido Operário Têxtil da Cova da Beira". Co-organizou as obras da coleção de Cinema e Outras Artes, e os livros "Filmes (Ir)refletidos", "UBICinema 2007/2017", "Geração Invisível: Os novos cineastas portugueses", e "Colectânea de Poesia - Poetas do Fundão", entre outros, publicando regularmente em revistas científicas nacionais e internacionais. Foi co-fundadora e directora da revista online Magnética Magazine (2008/10); directora do curso de Ciências da Cultura, da UBI (2017/19), coordenadora do GT de Estudos Fílmicos da Sopcom (2017/22) e representante da FAL na Comissão para a Igualdade (2019/22). Já apresentou conferências, workshops e masterclasses em Brasil, Espanha, Inglaterra e Suécia, entre outros países. É curadora e júri de vários festivais de cinema. Os seus interesses de investigação incidem em estudos feministas, estudos fílmicos, pedagogia nas artes e cinema em português.

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Publicado

2022-12-31

Como Citar

Marques, J. F., & Pereira, A. C. dos S. (2022). Desde Aquele Dia em que Deixei de Ser Tua: O Roteiro Cinematográfico de Autorrepresentação como Processo de Cura. Interações: Sociedade E As Novas Modernidades, (43), 40–57. https://doi.org/10.31211/interacoes.n43.2022.a2

Edição

Secção

Artigos