Uma Perspetiva Psicanalítica da Crise na Europa do Sul: Dependência, Tendo Portugal como o Caso em Questão
Palavras-chave:
crise económica, dependência, autonomia, sociedade matriarcal, família, EstadoResumo
A crise económica e política que tem afetado os chamados países desenvolvidos, desde 2007, atingiu, com particular severidade, a Europa do Sul. Embora bastante diferentes uns dos outros, os países que têm sido designados sob o acrónimo PIGS (Portugal, Irlanda, Grécia, Itália e Espanha) partilham uma grande dependência económica e financeira, em relação ao estado. Utilizando teorias de S. Freud, W. Bion, E. Eriksson e D. Meltzer, analiso, especificamente, o caso português, entre os países da Europa do Sul, e proponho uma interpretação psicanalítica da situação, baseada no conceito de dependência, em ambos os sentidos, individual e coletivo. Assim, argumento que a dependência do estado reflete uma dependência psicológica mais profunda da figura maternal, que é típica de sociedades matriarcais, com consequências políticas e individuais. No que se refere ao nível individual, defendo que nós psicoterapeutas devemos ter em consideração a forma como a dependência pode atrapalhar o processo terapêutico e a posição que devemos tomar, como profissionais, a fim de fomentar mais autonomia nos pacientes.
A Psychoanalytical Perspective of the Crisis in Southern Europe:
Dependency With Portugal as a Case in Point
The economic and political crisis that has been affecting the so-called developed countries, since 2007, struck with particular severity in Southern Europe. Although quite different from one another, the countries who have been designated under the acronym of PIGS share a great economic and financial dependence on the state. Drawing on the theories of S. Freud, W. Bion, E. Eriksson and D. Meltzer, I analyze specifically the Portuguese case among these Southern European countries and propose a psycho-analytical interpretation of the situation based on the concept of dependency, both at the individual level and the collective one. I argue that the dependence on the state mirrors a deeper psychological dependence on the maternal figure, typical of matriarchal societies, with political and individual consequences. As far as the individual level is concerned, I defend that we psychotherapists should take into consideration the way dependence may hinder the therapeutic process and the stance we should take as professionals in order to foster more autonomy in our clients.
Keywords: Economic Crisis, dependence, autonomy, matriarchal society, family, State.
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